quarta-feira, 14 de outubro de 2009

quente como a chuva


Enquanto te voltas para mim, confiante de que eu não sei quem realmente és, eu paro. Sinto em vez de pensar, porque há momentos assim, em que ficamos bloqueados de movimentos e libertos de sentidos. Sinto que tens razão quando me dizes que não te conheço realmente, porque a cada momento inventas um novo sorriso. Sinto que és especial, não só por seres diferente no pensar mas porque também o és no ser, no olhar e no sentir. Não é isto que eu penso, porque não penso. É isto que sinto! É o que me dizem as tuas mãos quando pegas as minhas, o que me dizem os teus lábios quando me beijas ardentemente, o que me dizes tu quando me acordas dos sonhos com palavras doces.

Não te conheço. Se te conhecesse gostaria menos de ti, talvez. Se te conhecesse gostaria mais de ti, não sei. Não penso no quão gosto de ti. Gosto de ti, sinto que gosto de ti e gosto de o sentir.

Quando não te conhecia, pensava demais. Pensava em mim, pensava no que fazia, no que dizia, no que pensava, e pensava, pensava, pensava…. Não sentia! Porque sentir é galgar no tempo, é não te dar hipótese de me parares, é arrancar-te do chão, prender-te no peito e beijar-te com o vigor da chuva, quente como o desejo, que me nutre a paixão.

Quando te voltas para mim, sabes que não te conheço mas sabes que gosto de ti. Não penses nisso, porque pensar é parar. Pensar endurece os corações e o teu é de veludo. Sentir embala os prazeres e isso mantém-nos vivos. Sente isso, fecha os olhos, pára a respiração e sente que eu já te conheço porque te aperto contra mim e te sinto nos lábios enquanto as palmas se tocam e os dedos se enlaçam.

Quando te voltas para lá, para esse mundo onde não vivo, não sinto nem penso, voltas-me as costas confiante de que ainda não me conheces, e por isso, não queres que eu te veja a chorar. Partes sem pressa de chegar, com uma lágrima a escorrer, e então, esperas que volte a mesma chuva quente que nos regava a paixão, para disfarçar essa gota de sentimento. Eu, que te ensinei a sentir em vez de pensar, desejo agora que não sintas que é tarde demais mas que penses que voltarás, um dia, à terra onde chove quente tão quente que aquece os corações, para eu te apertar novamente no peito e te beijar como nunca. Mas é tarde demais porque agora, sentir é uma dor insuportável e pensar… pensar endurece os corações.

Sem comentários:

Enviar um comentário