quarta-feira, 28 de julho de 2010
enquanto eu dormia
terça-feira, 20 de julho de 2010
o teu amanha
Mas tu nunca recebes-te essa carta, talvez porque eu nunca a tenha escrito, é verdade, mas só sei que nunca me deste a mão e esses versos que ainda eu hoje sei sussurrar, já não são inocentes nem felizes, já fazem perguntas e exigem respostas e por isso, vou amarrota-los e atira-los da minha cabeça, não num teu amanhã porque ainda está lá longe, mas num meu ontem porque já se fez tarde. Vão-se os versos mas ficas tu, porque na vida guardamos melhor quem nos marca por ficar do que quem marca por partir.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
esta estrela que te dou
Do mundo em que vives, esse mundo em que deslizas sobre as pedras gastas da calçada, onde cai a chuva que te lava a alma e onde sopra o vento que te leva os suspiros, desse mundo que é muito povoado e por isso nunca estás sozinha, mas também demasiado grande e por isso sentes a falta de alguém, olhas o céu e nele vês as estrelas onde eu gostaria de estar contigo.
Roubei uma estrela ao céu, para ti. Para nós… Para que possamos lá ir e esquecer de todos os lugares onde estivemos, para contarmos histórias da nossa história, nós que somos amigos há mais anos do que os que vivemos. Eu, que acho que nasci com uma alma nova, porque olho para o mundo e vejo estrelas, já te conheço dos meus sonhos, onde não tinhas rosto nem nome, mas eu lembro-me de ti, eras tu. Tu, que vens de uma época sem tempo, dias que não vivi, percorreste um caminho que se cruzou com o meu num lugar improvável, numa data inesperada, e que hoje, tens esta estrela só para ti. Só para nós…
Anda daí. Vem comigo percorrer esse trilho que os olhos imaginaram e que o coração fez sonhar, esse caminho de querer e de sentir, onde queres ir para sentir que os sonhos têm uma estrela como palco.
Esta estrela que te dou, não é perfeita. Não tem o calor do pôr-do-sol nem a frescura da água do mar, não tem o verde da natureza nem o azul do céu, não tem o voo dos pássaros nem o cheiro das flores. Falta muito nesta estrela, para que seja perfeita. Falta-lhe tanto que nem sei o que já tem. Mas aqui, nesta estrela que roubei para nós, nunca te faltará o calor de um abraço, a frescura de um beijo, um ombro para chorares os danos que sofres neste mundo ou um riso descontrolado para partilhares o que neste mundo te faz jubilar.
Neste mundo, nem sempre conseguimos encontrar-nos no tempo presente, por isso reavivo o nosso passado e imagino o nosso futuro. Deste mundo onde nem sempre tens tempo para mim e nem sempre eu o tenho para ti, olho a nossa estrela e acredito que voltarás sempre, porque se a vida é um eterno regresso a casa, a amizade é um amor eterno. Essa estrela é o lugar perene da nossa amizade, dos regressos desejados, dos dias sem fim e de um sem fim de dias que serão nossos na nossa estrela.
Podes ter a certeza que o tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho, como quem acumula pontos de felicidade para o futuro. Mesmo que seja na nossa estrela, ou cá em baixo, neste mundo, tanto faz o tempo e o lugar, o que conta é o modo de ser e de amar.
Inspirado e com trechos de "Anda daí" de Margarida Rebelo Pinto, de 23 de Março de 2005