segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Desde que não chova (continuação_7)



O comboio tinha saído de São Sebastião do Campo ainda de manhã e foi já pela tarde que chegou a Lisboa. Luís levava com ele apenas duas coisas: um papel com uma morada e as dúvidas que o assaltaram desde que se apercebeu de que Leonor não tinha aparecido na festa. A morada serviria para a encontrar. As dúvidas serviriam para a confrontar.

Aquela Lisboa agitada fazia-lhe alguma confusão. Raramente saía da sua vila, daquela paz de terra onde as pessoas se saúdam pelo nome. Ali não, tudo era mais impessoal, mais frio, desde os edifícios às pessoas. Sentia-se mesmo um pouco perdido, era tudo tão diferente, tão novo!

Não foi fácil encontrar a rua que procurava, mas lá conseguiu. Foi perguntando aqui e ali, até que lá chegou. Esperava encontrar alguém em casa mas receava sobre quem o receberia. Uma coisa seria Leonor abrir-lhe a porta, outra seria ter na frente o pai, a mãe ou a avó. Quando se prostrou diante da porta e estendeu o dedo em direcção à campainha estava determinado. Passados uns minutos, como ninguém atendia, começou a perdeu essa determinação. A única morada que tinha, a única coisa que o levou a Lisboa e ninguém estava. Nem Leonor que pelos vistos nem tinha ido a S. Sebastião do Campo nem ficou em casa. Estranho, muito estranho, pensava ele. Decidiu então esperar, afinal alguém haveria de aparecer, os pais já deveriam ter voltado da festa e ela poderia ter apenas saído momentaneamente. Sentou-se no passeio do outro lado da rua, à espera.

Desde que Leonor o deixara desolado com a sua ausência na festa que ele colocava tudo em causa. Aquele dia tinha sido tão planeado, tão desejado, tão idealizado, que se o mínimo pormenor falhasse ele ia ficar ressentido. Afinal, falhou o mais importante, Leonor não apareceu e tudo foi em vão. Nessa noite pensou no que se teria passado para tentar perceber o que a levou a não aparecer, colocava questões a si mesmo para tentar perceber o porquê daquela desilusão. Não se sentia culpado, afinal, tentava enviar-lhe cartas sempre que podia, às quais quem tardava em responder era ela, onde fazia declarações e juras de amor, não poderiam ser motivo para ela o deixar pendurado. Não era muito mas também não era pouco. Até tinha preparado um pedido de casamento no maior dos segredos. Enfim, deu voltas e voltas a atormentar-se e não encontrou motivos para aquilo. Mas tinha um palpite: ela teria outra pessoa, em Lisboa, e era isso que ele queria confirmar com os próprios olhos. Por isso tinha decidido ir para lá, sem avisar ninguém, para que ninguém soubesse ao que ele se rebaixava por amor.

A espera estava a desespera-lo. Passava-lhe tudo pela cabeça, desde os preparativos para o reencontro com ela ao turbilhão de sentimentos pela sua ausência. Um misto de raiva e desilusão por tudo isso marcavam aquele rosto de menino homem que parecia ainda ter 10 anos. Ao fundo viu alguém que lhe despertou a atenção e foi num pulo que se levantou. Era a família da Leonor a chegar. O pai, a mãe e a avó aproximavam-se e reparou que ela não estava com eles. Sem hesitar dirigiu-se a eles.
- Desculpem, são a família da Leonor, não são?
- Sim – disse o pai. O que deseja da minha filha?
- Eu gostaria de falar com ela. Sou o Luís, um amigo dela de S. Sebastião. Vim aqui para conversar com ela.
- A Leonor não está em casa. Posso saber o que deseja conversar com ela? Deve ser importante para o ter feito vir a Lisboa propositadamente! - O pai não estava a achar aquela situação nada normal.
- O que eu queria falar com ela é…
- Pode falar comigo primeiro! – A avó intrometeu-se, evitando que a situação se complicasse. Eu falo consigo primeiro.
Dirigiu-se aos pais com um olhar firme e disse-lhes que podiam entrar. Ela resolveria o assunto. Depois dirigiu-se a ele.
- Luís, não é?
- Sim.
- A Leonor recebeu as suas cartas. Fui eu própria que as entreguei em mão. Não sei o que diziam mas uma coisa eu sei: a Leonor está confusa com tudo isto e foi por isso que evitou ir à festa. Penso que ela fugiu de ter de o enfrentar porque tem dúvidas.
- Dúvidas? Mas ela já não gosta de mim? Tem outra pessoa?
- Não sei. Só sei que esta situação a incomoda e que ela tem dúvidas. Caso contrário não teria fugido, para o bem ou para o mal teria enfrentado a situação. Quando ela foge de alguma coisa é porque não sabe o que fazer.
- O que faço eu agora?
- Volte para a sua casa e espere. Se ela gostar de si vai lutar por isso. Ela tem muita energia, muita vontade de ser feliz. Se ela gostar de si você vai saber. Mas o melhor é ir e esperar. Se a pressionar pode ser pior.

Nem foi capaz de dizer mais nada. Sentiu um nó na garganta que parecia que o sufocava. Virou-se, desceu a rua com as lágrimas nos olhos, e foi embora. Esperou pelo comboio e voltou a para casa, inconsolável com a segunda desilusão em tão pouco tempo.

A vida desmoronava-se por cima dele e ele levava com os destroços. Cada lágrima era uma gota desse sofrimento em forma material. E ele sofreu muito, perdeu muitas lágrimas até adormecer no banco do comboio, levado pelo cansaço.

No comboio de volta para Lisboa, ao fim da tarde, Leonor sentia-se culpada pela situação. Tinha deixado a pessoa que amava à sua espera durante um ano para nesse dia lhe falhar. “Culpa minha, tudo culpa minha!” – Pensava ela. Sentia-se um trapo, sabia que ele a amava e deixou-o desolado à sua espera. O peso da culpa que levava consigo de volta era demasiado pesado para as suas forças. Através da janela entrava o sol ainda quente do fim de tarde, batendo-lhe no rosto, aquecendo-lhe o coração que estava desfeito em pedaços e deixou-se adormecer, levada pelo desgaste da desilusão.

1 comentário:

  1. Si tú te encuentras enamorado de una persona que no está enamorada de ti...
    no te reproches a ti mismo. No hay nada de malo contigo, sino que el amor no
    eligió descansar en el corazón de la otra persona.
    Si encuentras a alguien que esta enamorado de ti, y tú no lo amas, siéntete honrado
    de que el amor vino y tocó a su puerta, pero dulcemente rechaza el regalo que no
    puedes devolver.
    Si tú te enamoras de alguien, y esta persona se enamora de ti también, y el amor elige irse,
    no intentes reclamarlo o culparlo. Déjalo ir. Hay una razón y un significado.
    Tú lo sabrás a su tiempo.

    Recuerda que tú no eliges al amor. EL AMOR TE ELIGE A TI.
    Todo lo que puedes hacer realmente es aceptarlo, por todo su misterio,
    cuando entra a tu vida. Siente como él te llena hasta derramarse, y entonces encuentra
    la manera de compartirlo.

    Dalo a la persona que lo hizo nacer en tu vida.
    Dalo a otros que sean pobres de espíritu.
    Dalo alrededor del mundo, en todas las formas que puedas.

    Es entonces que muchos que aman cometen un error, porque habiendo estado mucho
    tiempo sin amar, entienden el amor como únicamente una necesidad.
    Ellos ven sus corazones como un lugar vacío que necesita ser llenado con el amor,
    y empiezan a ver el amor como si fuera algo que fluye para ellos en lugar de fluir desde ellos.

    Acuérdate de eso, y mantenlo en tu corazón: el amor tiene su propio tiempo,
    sus propias estaciones, y sus propias razones para ir y venir.
    Tú no lo puedes sobornar, coaccionar, motivar o insistir para que se quede.
    Tú solo puedes abrazarlo cuando él llega, y repartirlo con los otros cuando el venga hasta ti.
    Pero si él elige dejar tu corazón, o el corazón de aquel a quien tú amas,
    no hay nada que puedas hacer, y no hay nada que debas hacer.

    El amor es y siempre será un misterio. Alégrate de que él haya entrado a tu vida en
    algún momento.
    Si tú mantienes tu corazón abierto, él vendrá de nuevo a ti.
    El error es la única oportunidad de comenzar de nuevo de manera más inteligente.

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